Em Miami saem as estrelas, entram os azarões

A chegada dos craques foi motivo de festa na cidade, tanto por parte dos torcedores como pela franquia. Heat, LeBron, Wade, Bosh e os fãs não conseguiam esconder o clima de “Já Ganhou” que pairava sobre a equipe com a formação do trio de estrelas. Durante a festa de boas-vindas promovida pela franquia aos atletas, LeBron James, ao ser questionado sobre quantos títulos aquela união geraria, projetou: “Não dois, não três, não quatro, não cinco, não seis, não sete!” . O tom era de brincadeira, mas de modo geral mostrava a confiança de que eles poderiam estabelecer uma dinastia e vencer mais do que sete títulos da NBA. Segundo Wade, aquele poderia ser considerado o melhor trio da história da liga, mesmo antes de os jogadores sequer terem pisado em quadra juntos.
O Big Three se separou ao fim da temporada 13-14 com a saída de LeBron. Dos tantos títulos projetados, Miami conquistou apenas dois. Porém, de alguma forma, o otimismo sobre aquela equipe se justificou. Afinal, foram quatro temporadas e quatro finais, além de lances espetaculares marcados na memória dos fãs da liga para sempre.
Com a saída de James e as lesões sofridas por Bosh e Wade, o Heat não conseguiu competir novamente da mesma forma e amargou temporadas sem playoffs, assim como eliminações em estágios iniciais do mata-mata.
Durante esse tempo a estrutura da NBA se alterou. LeBron voltou a Cleveland com outro Big Three, a dinastia Warriors surgiu e agregou a força de Kevin Durant. San Antonio se dissolveu, mas Miami seguiu sob o comando de Pat Riley e Erik Spoelstra e com isso veio uma nova ideia. Durante a última free agency, Pat Riley conseguiu adicionar o talento de Jimmy Butler à equipe. Jimmy chegou para liderar um time muito diferente daquele formado em 2010. Sem festas, sem promessas, sem superestrelas. Apenas atletas que trabalham duro e dão o melhor de si a cada jogo. Os atletas sabiam que não seriam favoritos para vencer e isso se transformou em motivação.
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Depois de seis anos, o Miami Heat volta às finais da Conferência Leste com a força dos rejeitados. Alguns jogadores que passaram por vários times, outros chegaram via Draft com menos destaque do que jovens estrelas da liga selecionados nas primeiras posições. Exemplos? Butler foi a 30ª escolha em 2011; Adebayo, a 14ª escolha em 2017; Dragic, a 45ª escolha em 2008; Crowder, a 34ª escolha de 2012; Herro, a 13ª escolha de 2019; por fim, Robinson sequer foi draftado em 2018. Os atletas parecem ter se conectado a esse sentimento e nesta temporada se afeiçoaram a pertencer a um grupo formado apenas por azarões, ou como dizem os americanos, underdogs. Sem os holofotes que rodeavam os Heatles, o novo Miami tem mais cara de Bad Boys, talentoso, mas brigador acima de tudo.
A trajetória da conferência Leste coloca novamente no caminho do Miami Heat alguns de seus grandes rivais da época do trio de estrelas. A equipe já eliminou Indiana e agora lidera a série contra o Boston Celtics nessa final de conferência após fazer uma demonstração de força e despachar Milwaukee, a melhor franquia da temporada regular, com um 4-1. Após a vitória sobre os Bucks, Miami passou a ser respeitado pelos fãs e pela liga da forma que o líder dessa equipe sempre acreditou, mas não pense que a equipe se importa com o que alguém pensa. Seja para o bem ou para o mal, esses jogadores não ligam para o que as pessoas falam. Em entrevista para a jornalista Rachel Nichols da ESPN americana, Jimmy fez questão de afirmar que o Heat não se importa com o que é falado sobre o time e reforçou a confiança de que este time pode ser campeão ainda nesta temporada.
Durante a temporada regular, Miami se classificou em quinto lugar, sem sequer ter conquistado o teórico mando de quadra da bolha. Isso engrandece ainda mais o feito dos underdogs. Esse elenco garantiu que o Heat fosse o classificado mais baixo da história (5º) a abrir os playoffs com seis vitórias e nenhuma derrota. Um certo jogador que vestia a 23 dos Bulls disse uma vez: “Playoffs separam os homens dos meninos”.Ficou claro para todos que, nesse grupo, meninos não têm vez. O Big Three de 2010 tinha como objetivo vencer, mas ainda gerar entretenimento dentro e fora das quadras, entretanto, a única coisa que importa para esse novo formato liderado por Jimmy Butler, Bam Adebayo e Goran Dragic é o troféu Larry O’Brien.
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Kevin Leal Ver tudo
Jornalista em formação pela Escola de Comunicação da UFRJ, torcedor fanático da maior franquia da NBA e devoto de Marcus Smart. #CelticsBasketball
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