
Quando a temporada começou e o elenco do Botafogo foi apresentado, vimos um time mais forte no papel do que a temporada passada em que a equipe chegou na semifinal do NBB. Mesmo perdendo algumas peças, o Glorioso conseguiu manter a sua base e trouxe bons jogadores como Du Sommer, Lucas Mariano, Paulinho Boracini, Wesley Sena e por último o americano Freddie McSwain Jr. Mas por que o time carioca não está embalando no campeonato, já que tem uma equipe mais “forte”?
Antes de qualquer resposta, precisamos entender alguns pontos.
O Botafogo começou essa temporada tendo que encarar uma das grandes crises financeiras e políticas que esse projeto já viu. Culpa do basquete? Não, mas definitivamente é culpa dos gestores do clube. É preciso lembrar que muitos dirigentes da Estrela Solitária não se importam com a modalidade e até gostariam que o basquete acabasse.
Para vocês terem uma ideia, quando o Vasco saiu do NBB alegando que o patrocínio da TIM tinha ido para a base do futebol (algo que nunca aconteceu!) e com isso não conseguiria sustentar uma nova temporada na competição, muitos dirigentes e conselheiros do Botafogo questionaram por que o clube não fez a mesma coisa. Vale lembrar, que o futebol é o carro chefe da maioria dos times de camisa e o alvinegro vem passando grandes dificuldades nessa modalidade.

Foi a partir deste momento que a instabilidade fora das quadras começou a crescer. Além disso, ano que vem tem eleições e o jogo político está fervendo por lá. Não vou entrar em questões políticas, por que eu não me importo e sei que no fim o esporte é quem perde.
Então com a instabilidade crescendo fora das quadras, o Botafogo conseguiu o patrocínio da TIM de mais de três milhões de reais para o basquete, pagou mais de 4 meses de salários adiantados para os jogadores (algo que ainda vou debater no blog) e viu o vôlei encerrar as atividades por falta de dinheiro. Esse mix de situações, fizeram com que o caos se instaurasse de vez no clube.
Recentemente eu conversei com o treinador Léo Figueiró sobre essas situações fora de quadra e veja o que ele falou sobre o assunto.
Felipe Souza – Quanto às críticas, isso é algo que o torcedor botafoguense está começando a fazer, algo que não aconteceu na temporada passada, muito por causa da melhora do elenco e do bom trabalho feito. Como ocorre a preparação dos atletas para assimilar essas críticas e focar em quadra?
Léo Figueiró – Os atletas precisam saber lidar com todas as situações. Da mesma forma que é bom receber elogios, a crítica também faz parte da nossa profissão. É preciso maturidade. As críticas costumam vir de pessoas que não estão em nosso dia-a-dia e, por causa disso, muitas vezes injustiças são cometidas, mas faz parte. Precisamos continuar trabalhando. Vivemos situações adversas na pré-temporada desconhecidas por muitos, problemas inclusive com contusões. Nessa semana, Lucas Mariano e Du Sommer não puderam treinar por causa de uma conjuntivite, atrapalhando bastante nosso treino. São situações que qualquer time está disposto a enfrentar, onde precisamos extrair o melhor dessa situação. Temos um jogo agora contra Pato Basquete, equipe valente e bem treinada, e depois ainda temos a nossa meta no Sul-Americano que é chegar à final.
Felipe – O quanto o ambiente fora de quadra é capaz de atrapalhar dentro dela?
Figueiró – Esse clima de instabilidade demorou para chegar ao basquete. Cada dia surge uma novidade e uma situação. O término do vôlei gerou uma preocupação em todos, com muitas incoerências também. Existe sempre uma conversa com a equipe onde dividimos o que é verdade e o que é mentira para manter a tranquilidade dos jogadores. Alguns já foram membros de equipes de futebol enquanto outros estão passando por situações novas, sendo necessário sempre muito cuidado e maturidade. É preciso passar por isso tudo junto, as fases boas e ruins. Somente nós somos capazes de passar por esses momentos.

Mas não é só fora de quadra que o Botafogo sofre.
Dentro dela os problemas continuam aparecendo. Wesley Sena fraturou o pé e só volta em janeiro, Lucas Mariano começou bem no Estadual mas tem oscilações de desempenho nos principais campeonatos que o Botafogo disputa, Jamaal chegou só para o inicio do NBB assim como o Freddie e está evidente que o time ainda não encaixou.
Olhando os números, o Botafogo dessa temporada só tem um recorde (2-5) melhor do que aquele time que tinha Átila e companhia por causa de uma vitória. Além disso, a equipe está longe do rendimento que teve no ano passado em que fez 4-3 em sete jogos.
Neste NBB, o Glorioso é a segunda pior equipe em média de pontos feitos. O time alcança em média 73.14 pontos por jogo e a equipe está na frente somente do Pato Basquete, que normalmente faz 60.86 pontos por partida.
Se o ataque não dá muitas alegrias, a defesa também não vem ajudando. Até o momento, o Botafogo é a quinta pior defesa do campeonato. O alvinegro cede em média 82.43 pontos para os seus adversários.
Porém, o que o Glorioso precisa fazer para que essa situação mude nos próximos jogos?
A melhor solução seria resolver o caos político e focar no trabalho dentro de quadra, mas sabemos que quando algo envolve dirigentes nada acaba tão cedo. Então, o time como um todo precisa encaixar o quanto antes e isso só vem com os treinos diários e muito estudo.
Porque hoje se o Botafogo não mostrar o desempenho que esse time pode entregar em quadra, podemos estar vendo de perto uma das maiores decepções do ano no basquete nacional.

Seja um assinante do Blog do Souza por somente 7 ou 10 reais por mês:
Siga o Blog do Souza nas redes sociais:
0 comentário em “O Botafogo e o seu desempenho medíocre na temporada”